Ambiente urbano e transtornos psiquiátricos: uma revisão da neurociência e da biologia
A maioria da população do mundo agora vive nas cidades. Embora morar nas cidades tenha riscos e benefícios à saúde, a saúde mental geralmente é afetada negativamente por isso. Embora os distúrbios de saúde mental tenham etiologia complexa e múltiplas causas, foi demonstrado em vários estudos observacionais que os transtornos de humor e ansiedade são mais prevalentes nos centros urbanos e a incidência tem aumentado.
Além disso, a incidência de esquizofrenia aumenta fortemente em pessoas nascidas e criadas nas cidades. Estudos sobre os efeitos da chamada “urbanicidade” no cérebro, no entanto, são mais difíceis de conduzir, uma vez que é difícil distinguir fatores individuais e ambientais.
O principal objetivo deste artigo é revisar estudos sobre como processos neurais específicos mediam essas associações entre urbanidade e distúrbios psiquiátricos e como fatores ambientais afetam a regulação genética (epigenética). Estudos de neuroimagem mostraram como os estressores urbanos podem afetar o cérebro através da realização de experimentos usando ressonância magnética funcional (fMRI). Houve demonstrações de que a educação urbana e a vida na cidade têm impactos dissociáveis no processamento de avaliação social do estresse em humanos. A vida na cidade foi associada ao aumento da atividade da amígdala e a educação urbana afetou o córtex cingulado anterior perigenual, uma região importante para a regulação da atividade da amígdala, o efeito negativo e o estresse. Além disso, estudos sobre epigenética mostraram associações entre a exposição a características do ambiente e padrões de metilação.
O objetivo de entender como os ambientes urbanos agem como fator de risco para transtornos mentais pode ser compreendidos em vários níveis. Pode ser abordado medindo-se os efeitos de fatores econômicos (desemprego, status socioeconômico), condição social (suporte da rede social), exposições ambientais (toxinas, poluição do ar, ruído, luz), que devem ser ponderados para identificar como contribui para o desenvolvimento de distúrbios mentais.
Para ler este estudo na íntegra, clique aqui.
Publicado originalmente na revista científica METABOLISM (DOI: https://doi.org/10.1016/j.metabol.2019.07.004)
Jorge Alberto Costa e Silva; Ricardo E. Steffen.