Os médicos Izio Klien e Hélveio Serpa estão sentados em uma sala conversando sobre os sintomas da depressão

Sintomas de depressão: saiba como lidar com a doença

Você ou algum conhecido está passando por episódios longos de tristeza e não consegue saber ao certo se o que tem são sintomas de depressão? Muitas pessoas têm essa mesma dúvida, acreditam que é algo passageiro e não procuram a ajuda necessária para enfrentar a doença.

Para ajudá-lo a entender melhor sobre o assunto, vamos explicar o que é e quais são os sintomas mais comuns de depressão. Assista ao vídeo dos nossos especialistas e entenda mais sobre esse tema tão relevante. Confira!  

O que é depressão?

A depressão é um transtorno mental de grande importância que acomete, segundo a OMS, aproximadamente 264 milhões de pessoas. Caracteriza-se por episódios em que o paciente relata tristeza excessiva e/ou redução ou perda do interesse em todas ou quase todas as atividades do dia a dia. Eles podem estar associados também a fadiga, sentimento de culpa ou inutilidade, alteração do sono ou do apetite e, até mesmo, pensamentos recorrentes de morte, podendo chegar, em casos graves, em ideias e pensamentos suicidas. Alguns quadros clínicos, como hipotireoidismo ou anemia ferropriva, podem agravar os episódios depressivos.

Além disso, o Transtorno Bipolar, que é caracterizado pelo ciclo entre momentos de depressão e de aumento de energia em maior ou menor grau (chamados de mania ou hipomania), tem sintomas em comum e deve ser levado em consideração em alguns casos. Por último e não menos importante, a tristeza pode ser uma reação comum e não-patológica desde que seja limitada e congruente com o ocorrido na vida de cada um.  

Quais são os sintomas de depressão?

Tristeza constante e a perda de interesse nas atividades são os principais, mas existem outros sintomas de depressão “acessórios” como:

  • Autoestima baixa;
  • Alteração da libido;
  • Dificuldade para se concentrar;
  • Falta de energia constante;
  • Insônia ou sonolência excessiva;
  • Pensamento frequente de suicídio ou morte;
  • Perda ou ganho de peso sem a pessoa estar em dieta;
  • Sentimento culpa e inutilidade.

Se você ou algum familiar apresentam esses sinais de forma recorrente, é um bom alerta de que é necessário procurar uma ajuda profissional.

Como tratar a depressão?

Dependendo da gravidade do quadro e das individualidades de cada paciente, o tratamento pode ser baseado em psicoterapia, medicamentos ou na combinação de ambos. Quando há maior resistência, métodos modernos, como a Estimulação Magnética Transcraniana de repetição e a Eletroconvulsoterapia, podem ser indicados.

Além disso, recentemente, houve a aprovação pela ANVISA para o uso da Escetamina nasal, uma nova opção nesses casos. Assista ao vídeo do diretor médico do INBRACER Dr. Izio Klein e do psicólogo Helvécio Serpa sobre depressão. É um bate-papo que traz mais informações sobre a diferença entre depressão e a tristeza, as formas de tratamento e muito mais!

https://www.youtube.com/watch?v=aRcLwH58Olk

 

Transcrição do vídeo

Helvécio: Olá! Eu me chamo Helvécio Serpa. Sou psicólogo clínico do INBRACER.  

Izio: Olá a todos! Meu nome é Izio Klein. Eu sou diretor médico do INBRACER e trabalho também na área de Psiquiatria e Neuromodulação.

Helvécio: Hoje, a gente está aqui para conversar um pouquinho com vocês sobre um tema que a gente crê que é, foi e sempre será de fundamental importância: a depressão. Esse é um transtorno que, muitas vezes, acomete todo e qualquer ser humano e a gente procurou trabalhar da seguinte forma: depressão, um transtorno e múltiplos olhares.

Como são múltiplos olhares, acho que o primeiro olhar que a gente deveria trabalhar é a diferença entre tristeza e depressão. Tristeza é sim um sentimento. Sentimento que todos nós passamos, vivenciamos e que faz parte do contexto da nossa vida assim como a alegria, a fome e a dor. Ela tem uma definição muito interessante: é uma reação de ajustamento às situações adversas como perdas, desapontamentos, entre outros.

A tristeza tem um valor adaptativo do ponto de vista evolutivo. A gente crê, acima de qualquer coisa, que quanto mais maduro e trabalhado emocionalmente, mais a gente vai conseguir administrar os nossos conteúdos de tristeza. Eu costumo brincar que, depois de uma certa faixa etária, a gente passa a ter um olhar tão grande de estranheza que já nos previne de qualquer tristeza a mais. Só que a depressão sim. A depressão é uma doença.  

Izio: Enquanto a tristeza é considerada uma vantagem adaptativa da espécie humana, a depressão, pelo ponto de vista patológico, é um transtorno psiquiátrico que é, principalmente, um mal adaptativo. O paciente deixa de conseguir responder aos estímulos do ambiente ou ele responde mal a esses estímulos. Os dois principais sintomas da depressão são, justamente, o humor deprimido, a tristeza excessiva mal adaptativa na maior parte do tempo e a perda de interesse ou prazer nas atividades do dia a dia.

É importante deixar claro que nas crianças a depressão pode se manifestar como um humor irritado e não tão deprimido assim. Além disso, existem os sintomas “acessórios” como: alterações do sono, alterações do apetite, sentimento de culpa excessivo ou inadequado, pensamento de morte recorrente podendo chegar até mesmo a ideação suicida, entre outros sintomas destes ditos “acessórios”.

Da mesma forma, em qualquer outra área médica, nós temos a obrigação de fazer um diagnóstico diferencial. Alguns outros quadros podem cursar com sintomas depressivos como, por exemplo, na Psiquiatria, o Transtorno Bipolar. Ele faz episódios de depressão, mas também episódios de mania ou hipomania que nós consideramos quando o paciente tem um aumento de energia muito grande. Esse aumento de energia leva à aceleração do pensamento, aceleração da fala, diversos planos geralmente irreais que podem chegar a pensamentos de grandiosidade, muita irritação ou muita felicidade.

O paciente também pode ter sintomas depressivos dentro de transtornos psicóticos como a esquizofrenia, mas, nesses casos, o paciente tem delírios e alucinações não congruentes com o humor ou outros sintomas psicóticos. Além desses quadros psiquiátricos, outros quadros também são comumente associados aos sintomas depressivos como: o hipotireodismo, a anemia, a abstinência de substâncias consideradas lícitas ou ilícitas, uso de substâncias psicoativas que podem levar a quadros depressivos como álcool ou mesmo o uso de medicamentos como corticóide em altas doses.

Helvécio: Falando nesse contexto, acho que é muito importante a gente trabalhar e não excluir nada na avaliação médica e psicológica. A gente pode trabalhar um pouquinho com essa questão da prevenção, ou melhor, como eu tanto gosto de abordar: a questão da promoção de saúde que nada mais é do que gerar uma consciência. Então, sim. Se você está apresentando um quadro clínico, vá procurar um psiquiatra e vá procurar um psicólogo para poder tratar.

Mas existem coisas que são importantes e a gente pode fazer. Elas estão tão no senso comum que a gente crê que, quando passa a ser consciente, fica tão mais fácil, tão mais interessante. Eu gosto muito da primeira reflexão que é da permissão: permita-se. Deixa acontecer. Deixa ficar triste. São momentos importantes. Muitas vezes, eu costumo brincar: “Inaugurou a padaria” e a gente pode se emocionar com isso. Por que não? Conhecendo a história, sabendo o sujeito, sabendo a questão. Viu um filme? Chora! Deixa a emoção sair.

É importante a gente se permitir ficar triste, ficar alegre, ter sentimentos e ter sensações como uma forma de promoção de bem-estar maior. Isso não exclui, obviamente, quando se torna um transtorno, um problema clínico, a busca de um médico ou um profissional competente compatível para poder trabalhar. Outra coisa que a gente faz muito é essa coisa da cobrança. Como a gente se cobra, né? Como a gente: “Tem que”, “Tem que”, “Tem que”… Então, dê um “aliviozinho”. Segura um pouquinho. Deixa essa coisa acontecer de uma forma maior, tá?

Eu sempre costumo brincar se a gente… Quem tá ouvindo e está se identificando de uma certa forma, é tão saudável a gente pensar e poder propor alguma coisa a mais. Eu acho fundamental a atividade física também como uma coisa de promoção de saúde. A gente trabalhar em cima desse afeto, dessas questões. Novamente eu falo, a gente passa por tanta dificuldade afetiva, mas é tão importante ter a consciência de que a gente tem os nossos amigos e pode falar. Acima de qualquer coisa: viver, objetivar felicidade, objetivar bem-estar.  

Izio: Esses métodos de promoção de saúde são muito importantes, principalmente, quando nós pensamos na etiologia da depressão. Ela tem sim uma predisposição genética ou epigenética, nos estudos nós vemos mais a predisposição epigenética. Mas as alterações no meio social, no ambiente do indivíduo e da forma que ele se relaciona com esse meio e a sociedade podem ajudar a prevenir quadros depressivos.

Só que quando ele já se instala, nós já temos tratamentos muito eficazes. Sejam os tratamentos de primeira linha ou mesmo de segunda linha com um pouco mais de efeitos colaterais. Nesse caso, talvez, com uma eficácia um pouco maior, os tratamentos em combinação medicamentosa quando esses não fazem o efeito completo que nós esperamos. 

Nos casos de resistência medicamentosa ou em casos em que há efeitos colaterais maiores ou mesmo quando eles são contraindicados como, por exemplo, na gravidez. Nós temos também a possibilidade de lançar mão de métodos de Neuromodulação como, por exemplo, Estimulação Magnética Transcraniana de repetição e a estimulação magnética transcraniana contínua, essa última ainda está em estudos. A eletroconvulsoterapia, essa com mais efeitos colaterais, ainda é considerada um tanto mais eficaz.  

Helvécio: E no lado da Psicologia, da Psicoterapia, a gente tem estudos comprovados cientificamente de que a Terapia Cognitivo Comportamental é, dentre as teóricas, não desqualificando nenhuma das outras… uma das linhas mais eficientes para esse trabalho de transtorno depressivo. A gente tem uma tríade que eu particularmente adoro e que acho que é um bom caminho para começar: pensamento, sentimento e ação.

Um pensamento disfuncional gera uma ação danosa que acarreta um sentimento mais profundo e mais complicado. Então, dentro do contexto, a gente tem essa base. A psicoterapia é uma forma de trabalhar. Obrigado e aguarde que, em breve, vamos fazer mais vídeos para falar sobre depressão e outros assuntos.

Izio: Eu gostaria de agradecer a todos e nos colocar sempre à disposição para tirar qualquer tipo de dúvida, falar sobre o que é necessário para tratamentos de quadros depressivos ou outros quadros afins aqui no INBRACER.  

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