Covid longa e sequelas neuropsiquiátricas

A doença causada pela infecção do novo coronavírus (COVID19) ganhou atenção do mundo no final de 2019 e início de 2020, tornando-se oficialmente uma pandemia com o decreto de 11 de março de 2020 da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Passados aproximadamente dois anos e aproximadamente 287 milhões de casos no mundo, chegamos em 2022 com certezas e dúvidas sobre as sequelas diretas e indiretas da doença.

Do ponto de vista neuropsiquiátrico, os sintomas da chamada COVID longa causam impactos significativos em saúde mental e cognitiva.

O que é COVID longa?

Chama-se covid longa os sintomas persistentes observados após a fase aguda da infecção por COVID. Nessa fase, pode-se observar sintomas como disfunção cognitiva (também chamado de “brain fog”), fadiga, transtornos de ansiedade e depressão, psicoses e comportamentos suicidas.

Nota-se que os pacientes relatam não se sentir como antes e com dificuldade de retornar às atividades nas velocidades que estavam acostumados.

As alterações cognitivas observadas incluem distúrbios de atenção, velocidade de processamento e memória recente, dificuldade de fazer tarefas ao mesmo tempo, irritabilidade, dificuldade de encontrar palavras e insônia.

Esses sintomas são observados tanto em pacientes que desenvolveram sintomas muito leves, como sintomas graves, o que ajuda a diferenciar esses sintomas de COVID de síndrome de internação prolongada em unidade de terapia intensiva.

Contudo, é importante considerar que uma parte dos pacientes que foram infectados pelo vírus causador da COVID19 apresentem sintomas de depressão e ansiedade por trauma e fobia da doença, luto por perdas de pessoas próximas e isolamento social imposto pelo estado de pandemia.

Transtornos de ansiedade e de depressão frequentemente incluem alterações cognitivas associadas, sendo necessário a diferenciação desses casos com COVID longa.

Outros Sintomas causados pela COVID longa

Acredita-se que os sintomas neurocognitivos e psiquiátricos apresentados sejam decorrentes de disfunção do sistema nervoso central provocada por processos neuroinflamatórios, mas ainda não confirmados e que, portanto, requerem estudos.

No entanto, levando-se em consideração os efeitos pro-trombóticos (favorecem a formação de trombos e microtrombos na circulação) da doença, é importante a avaliação neurológica com exame físico neurológico minucioso, exames de neuroimagem como ressonância nuclear magnética com espectroscopia e avaliação neurofisiológicas (eletroencefalografia, P300, polissonografia) para certificar-se de que não se trata de um sintoma decorrente de uma lesão estrutural cerebral prévia ou decorrente da doença.

Levando-se em conta o conhecimento de sintomas neurocognitivos e psicológicos após infecção por COVID19, torna-se parte fundamental do acompanhamento a curto e longo prazo dos pacientes as avaliações neurológica e psiquiátrica de forma minuciosa com o objetivo de otimizar o processo de recuperação da doença.

O tratamento das disfunções neuropsiquiátricas inclui, portanto, manejo das alterações neurológicas e psiquiátricas encontradas na avaliação através de psicoterapia, reabilitação cognitiva ou terapia de estimulação cognitiva, fisioterapia e tratamentos medicamentosos.

Conclusão

Em suma, se você sente algum desses sinais e sintomas apresentados acima, é importante entrar em contato com um profissional especializado. Caso você queira saber mais sobre o assunto ou mesmo tirar dúvidas, entre em contato conosco pelo WhatsApp.

Por Dr. Renato Galvão D’Imperio Teixeira